(Venâncio e Aparício Nascimento)
Eita!
È o sertão que eu tenho
Almajarra do engenho }bis
E um bom canaviá
Eita!
O carreiro carreando
E o seu carro cantando
A canção do canana
No meu sertão
Não tem choro, não tem fome
Não tem bicho lobisome
Não existe assombração
De manhãzinha
Quando o dia se sacode
Tem onça que pega bode
Valente que só o cão
Tem um cachorro
Lanzudo, preto retinto
Pra tomar conta dos pinto
E espantá gavião
Tem água boa
Descendo de morro abaixo
Pra se deitar no riacho
E tem luz de vagalume
Um preto velho
Pra falar do que já foi
Brinquedo de pegar boi
No matagal de perfume
Moça faceira
Dona de casa capaz
Mas é bonita demais
E pode matar de ciúme
A nossa lua
Traz de noite a luz do sol
Um rádio traz futebol
E notícia de primeira
Tem a cigarra
Que trouxe a filosofia
De morrer de cantoria
É a nossa cantadeira
Um papagaio
Com seu verde esperança
É um cartão de lembrança
Da bandeira brasileira
LP: O HOMEM DA TERRA; 1980; RCA