Luiz LUA Gonzaga

Cronologia da Vida de Luiz Gonzaga

  • 1909

    Januário José dos Santos, conhecido tocador de fole de 8 baixos, sai dos Quidutes e dos Anselmos e sobe a encosta da Serra do Araripe rumo à chapada. No caminho, ali onde nasce o rio Brígida, se instala na Fazenda Caiçara, propriedade do Barão do Exú.

    Januário cai nas graças de Ana Batista de Jesus, conhecida como Santana, cabocla bonita da região. Em setembro, casam-se na Igreja de Exú.

  • 1912

    No dia 13 de Dezembro, uma sexta-feira, nasce na fazenda Caiçara o segundo dos nove filhos do casal Januário e Santana, que na pia batismal da matriz de Exu recebe o nome de Luiz (por ser o dia de Santa Luzia) Gonzaga (por sugestão do vigário) Nascimento (por ter nascido em dezembro, mês de nascimento de Jesus).

  • 1920

    Com apenas oito anos, a pedido de amigos de seu pai, Luiz Gonzaga substitui um sanfoneiro em festa tradicional na fazenda Caiçara. Canta e toca a noite inteira. A partir daí, os convites para animar festas - ou sambas, como se dizia – tornam-se freqüentes. Antes mesmo de completar 16 anos, "Luiz de Januário", "Lula" ou Luiz Gonzaga já é nome conhecido no Araripe e em toda a redondeza.

  • 1924

    Em uma cheia, o Rio Brígida sobe de nível e inunda a casa de Januário e toda a região. A família muda-se para o povoado do Araripe, na fazenda Várzea Grande.

  • 1926

    Gonzaga toca seu primeiro "Samba" em troca de dinheiro. Começa a estudar em um grupo de escoteiros organizado por um sargento da polícia do Rio de Janeiro. Muda-se para a cidade, deixando o Araripe.

  • 1926

    Aos 13 anos, Luiz Gonzaga compra sua primeira sanfona, na cidade de Ouricuri , graças ao empréstimo concedido pelo coronel Manoel Ayres de Alencar: um 8 baixos, Koch, marca veado, igual ao do mestre Januário, ao preço de 120 mil Réis. Quando saldou sua dívida, anunciou ao coronel Ayres que não iria mais trabalhar com ele, pois a partir de então seria sanfoneiro profissional.

  • 1929

    Conhece Nazarena, com quem namora às escondidas. Rejeitado pelo pai da moça, de família importante, após uns goles de cana vai tirar satisfações da desfeita armado com uma faquinha. Leva uma surra de Santana, e foge de casa para o Crato, no Ceará, onde vende sua sanfona de 8 baixos.

  • 1930

    Gonzaga aumenta sua idade para sentar praça no Exército, na cidade de Fortaleza. Com o advento da Revolução de 30, segue em missão militar pelo Brasil como soldado Nascimento.

  • 1931

    Após o término do tempo legal de serviço militar, o soldado Nascimento escolhe continuar servindo no Exército.

  • 1933

    Por não conhecer a escala musical, é reprovado num concurso para músico numa unidade do exército em Minas Gerais. Torna-se soldado-corneteiro e ganha o apelido de "Bico de Aço".

  • 1936

    Gonzaga aprende a tocar sanfona de 120 baixos em Minas Gerais. Para treinar, adquire uma sanfona de 48 baixos e aproveita as folgas da caserna para tocar em festas.

  • 1939

    Dá baixa das Forças Armadas. Desembarca no Rio com passagem de navio para o Recife, de onde pretendia voltar para Exu. Enquanto aguarda a chegada do navio, resolve conhecer o Mangue, bairro boêmio vizinho ao porto. Lá, com sua primeira sanfona Honner Branca, comprada em 1938, faz sucesso nos botecos tocando valsas, tangos, choros, foxtrotes e outros ritmos da época. Instala-se no Morro de São Carlos, à época tranquilo reduto português no Rio.

  • 1940

    tocando todo tipo de música, Gonzaga começa a apresentar-se em programas de calouro e auditórios das rádios. Pressionado por estudantes cearenses, modifica seu repertório e acrescenta a seu repertório as músicas do "norte". Assim, executando "Vira e Mexe", um xamego (chorinho) do seu pé-de-serra, ele consegue tirar nota máxima no programa Calouros em Desfile, de Ary Barroso, na Rádio Tupi. Pouco tempo depois vai trabalhar com Zé do Norte no programa A Hora Sertaneja, na Rádio Transmissora.

  • 1941

    Em 05 de março, Gonzaga faz sua primeira participação em gravação da Victor, atuando na cena cômica A Viagem do Genésio como sanfoneiro da dupla Genésio Arruda e Januário França. Seu talento chama a atenção de Ernesto Augusto Matos, chefe do setor de vendas da Victor. Em 14 de março assinando pela primeira vez como artista principal e exclusivo da Victor, grava quatro músicas que serão lançadas em dois discos de 78 rotações. É publicada a primeira reportagem sobre Luiz Gonzaga na revista carioca Vitrine, com o título Luiz Gonzaga, o virtuoso do acordeom. Grava mais dois 78 rotações (rpm). É chamado "o maior sanfoneiro do nordeste e até do Brasil". Nos anos seguintes grava cerca de 30 discos, muitos choros, valsas e mazurcas, todos em solos pois a Victor não lhe permite cantar em seus discos, até então só instrumentais. Ingressa na Rádio Clube do Brasil.

  • 1943

    Inspirado nos trajes gaúchos do colega de rádio Pedro Raimundo, Gonzaga passa a se apresentar vestido com trajes nordestinos.

  • 1944

    É despedido da Rádio Tamoio e imediatamente contratado pela Rádio Nacional, onde o então radialista Paulo Gracindo divulga seu apelido "Lua", uma referência a seu rosto redondo e rosado.

  • 1945

    Grava seu primeiro disco tocando e cantando: é a mazurca “Dança Mariquinha”, parceria com Miguel Lima. Nesse ano, e ainda em parceria com Lima, grava outros dois discos interpretando “Penerô Xerém” e “Cortando Pano”.

    Desejando dar um rumo mais nordestino a suas composições, Gonzaga procura o maestro e compositor Lauro Maia para que este coloque letras em suas melodias. Maia apresenta-lhe o cunhado, o advogado cearense Humberto Cavalcanti Teixeira, com quem Luiz Gonzaga viria a compor alguns de seus maiores clássicos.

    Em 22 de setembro, nasce seu filho Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, fruto de uma relação com a cantora Odaléia Guedes dos Santos.

  • 1946

    O conjunto Quatro Ases e um Coringa, da Odeon, acompanhado pela sanfona de Luiz Gonzaga, grava a segunda parceria de Gonzaga e Humberto Teixeira, a música “Baião”, sucesso em todo país.

    Recebe a visita de Santana e, após 16 anos ausente, Gonzaga volta à sua terra, Exu.

    No retorno para o Rio, passa pela primeira vez no Recife, participando de vários programas de rádio e de muitas festas.

  • 1947

    Grava o 78 rpm com a toada “Asa Branca, parceria com Humberto Teixeira, inspirada no repertório de tradição oral nordestina.

    Adota um chapéu de couro semelhante ao usado por Lampião, por quem tinha grande admiração.

    Conhece na Rádio Nacional a contadora Helena das Neves Cavalcanti, e a contrata para ser sua secretária. Rapidamente o namoro acontece.

    Neste ano, acontece o primeiro encontro de Gonzaga e Zédantas, no Recife.

  • 1948

    No dia 16 de junho, Gonzaga e Helena casam-se no Rio de Janeiro, e passam a morar, juntamente com a mãe de Helena, dona Marieta, no bairro de Cachambi.

  • 1950

    Lança mais de vinte músicas inéditas, a maioria parcerias com Humberto Teixeira e Zédantas, que se tornariam clássicos da MPB.

    Lança a música “A dança da moda “, parceria com Zédantas que retrata a febre nacional pelo baião.

  • 1951

    Ao lado de seus músicos, sofre um grave acidente de carro.

    Durante todo o ano, é convidado permanente da série No Mundo do Baião, de Zédantas e Humberto Teixeira.

    • Em março, encerra seu contrato com a Rádio Nacional e vai para a Rádio Mayrink Veiga.
  • 1952

    Lança seu 71º disco, o último 78 rpm com Humberto Teixeira.

    Gonzaga e Helena adotam uma menina: Rosa Maria, a Rosinha.

  • 1955

    Grava seus primeiros discos compactos de 45 rpm.

    Grava o seu primeiro LP de 10 polegadas, 33 rpm, pela RCA Victor. É uma compilação dos discos anteriores de 78 rpm.

    Apresenta a chamada Patrulha de Choque Luiz Gonzaga, trio formado por Marinês, Abdias e Chiquinho.

  • 1956

    A cantora japonesa Keiko Ikuta grava as músicas “Baião de Dois” e “Paraíba”.

  • 1957

    Grava o primeiro disco com composições de Onildo Almeida. Em um lado, “A Feira de Caruaru” e, no outro, “Capital do Agreste” de Onildo e Nelson Barbalho.

  • 1958

    Grava seu primeiro LP de 12 polegadas, 33 rpm. Pela RCA Victor: “Xamego”.

  • 1960

    Morre Santana, vitimada pela doença de Chagas, no Rio de Janeiro.

    Januário, aos 71 anos, casa-se com Maria Raimunda de Jesus, 32 anos, em Exu.

    Gonzaga participa gratuitamente da campanha de Jânio Quadros à Presidência da República.

  • 1961

    Ingressa na Maçonaria.

    Compõe com Lourival Silva e grava “Alvorada de Paz” em homenagem ao então Presidente da República Jânio Quadros, que renunciaria sete meses após assumir a Presidência.

    Gonzaguinha vai morar com o pai em Cocotá, Rio de Janeiro.

    Gonzaga sofre outro acidente de carro, ferindo gravemente o olho direito.

  • 1963

    De sua parceria com Nelson Barbalho grava “A Morte do Vaqueiro”.

    Tem sua sanfona Universal, preta, roubada. Antenógenes Silva, seu amigo e afinador, lhe empresta uma sanfona branca.

    A partir de então, adota oficialmente a cor branca para suas sanfonas, e a inscrição “É do povo” em todos os seus instrumentos.

  • 1964

    Grava a composição “A Triste Partida”, de Patativa do Assaré, grande sucesso junto aos nordestinos que vivem no Sul.

    No LP “O Sanfoneiro do Povo de Deus”, grava a primeira composição de Gonzaguinha, "Lembrança de Primavera".

  • 1965

    Asa Branca é gravada por Geraldo Vandré em seu LP "Hora de Lutar". Em retribuição, Gonzaga grava as composições de Vandré “Para não dizer que não falei das flores” e “Fica mal com Deus”.

  • 1966

    Sinval Sá lança o livro O Sanfoneiro do Riacho da Brígida - Vida e Andanças de Luiz Gonzaga - O Rei do Baião.

    É impedido de cantar no festival Festival Internacional da Canção – FIC 66 a música “São os do Norte que vêm”, de Capiba e Ariano Suassuna.

  • 1968

    Afastado do cenário musical, Gonzaga vê seu nome novamente em ascensão depois que Carlos Imperial espalha no Rio de Janeiro o boato de que os Beatles teriam gravado a música “Asa Branca”. Por um longo tempo, Gonzaga sustentou a mentira em entrevistas, citando o interesse "dos cabeludos de Liverpool pela música".

    É destaque na 1ª edição da Revista Veja, em 11 de setembro, com a matéria Gonzaga: a volta do Baião.

    Conhece Edelzuíta Rabelo numa festa junina em Caruaru.

  • 1971

    Lança o LP "O Canto Jovem de Luiz Gonzaga".

    Em Londres, Caetano Veloso grava “Asa Branca”, assim como Sérgio Mendes e seu Brasil 77.

    Apresenta-se em Guarapari fazendo sucesso entre os jovens hippies de então.

    Com iniciativa do Padre João Câncio, o apoio do cantor Luiz Gonzaga e do poeta Pedro Bandeira, famoso repentista do Cariri, realiza-se a primeira Missa do Vaqueiro, no sítio Lages, na cidade de Serrita. É uma homenagem a Raimundo Jacó (primo de Gonzaga), que teria sido morto por um companheiro. Mais do que isso, torna-se um tributo aos vaqueiros nordestinos.

  • 1972

    Apresenta o espetáculo "Luiz Gonzaga volta para curtir" no Teatro Teresa Raquel, no Rio de Janeiro, sob a direção de Jorge Salomão e Capinam. É a primeira vez que Gonzaga enfrenta uma platéia somente de jovens.

  • 1973

    Deixa a RCA Victor e vai para a Odeon.

    Tenta lançar sua candidatura a deputado Federal pelo então partido do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), mas desiste ao sentir que obteria votos em troca de favores.

    Sai da Odeon e grava seu primeiro LP pela EMI Odeon.

  • 1975

    Gonzaga reencontra Edelzuíta, o grande amor da fase final de sua vida.

  • 1976

    O Projeto Minerva dedica um especial à obra de Luiz Gonzaga.

    Grava o primeiro compacto simples de 33 rpm pelo selo Jangada, com a música  “Samarica Parteira”, de Zédantas.

  • 1977

    Estréia no projeto Seis e Meia, no Teatro João Caetano, ao lado de Carmélia Alves.

  • 1978

    É lançado pela Copacabana o disco “Grande Música de Luiz Gonzaga” , versão sinfônica de clássicos da obra de Gonzaga. O disco é produzido por Marcus Pereira com arranjos e direção de orquestra do maestro Guerra Peixe.

    Morre Januário.

  • 1979

    Morre o parceiro, compositor, advogado e instrumentista Humberto Teixeira. 

    Luiz Gonzaga grava o disco “Eu e meu pai” em homenagem a Januário.

  • 1980

    Depois de ser literalmente atropelado pelos fãs e por fiéis da igreja católica, Luiz Gonzaga canta para o Papa João Paulo II em Fortaleza. Ao ouvir na voz do Sumo Pontífice um agradecimento – “Obrigado, Cantador!” – Gonzaga vive um dos mais emocionantes momentos de sua vida de sanfoneiro.

  • 1981

    A RCA Victor presta-lhe significativa homenagem por seus 40 anos de carreira com o lançamento do disco “A Festa”.

    Apresenta-se no festival de verão do Guarujá ao lado do veterano Osmar Macedo, co-fundador do Trio Elétrico de Dodô e Osmar.

    Grava com Gonzaguinha o disco “Descanso em Casa, Moro no Mundo”, que rende apresentações históricas de pai e filho por todo Brasil.

  • 1982

    Viaja para a França apresentando-se em Paris, no teatro Bobinot, a convite da cantora Nazaré Pereira, que fazia sucesso com a música “Cheiro da Carolina”.

    Passa a assinar Gonzagão, forma como havia sido chamado por ocasião de sua turnê com Gonzaguinha.

  • 1983

    Lança o disco 70 anos de sanfona e simpatia”.

  • 1984

    Recebe o Prêmio Shell e o seus dois primeiros Discos de Ouro pelo LP Danado de Bom”.

    Canta uma faixa em homenagem a Jackson do Pandeiro no disco “Profana” de Gal Costa, e grava um LP com Raimundo Fagner.

  • 1985

    Gonzaga recebe o prêmio “Nipper de Ouro”, homenagem internacional da RCA a um artista de seu quadro. Luiz Gonzaga recebe dois discos de ouro para o LP Sanfoneiro Macho.

  • 1986

    Participa do festival de música brasileira na França “Couleurs Brésil”, evento que inaugura o programa Brasil-França. Gonzaga se apresenta no show de encerramento, ao lado de outros artistas brasileiros, para um público de 15 mil pessoas.

    O LP Forró de Cabo a Rabo” recebe dois Discos de Ouro.

  • 1987

    Recebe o primeiro Disco de Platina de sua carreira por “Forró de Cabo a Rabo”.

  • 1988

    Lança “50 Anos de Chão”, caixa luxuosa com cinco discos, cobrindo toda a sua carreira desde as primeiras gravações instrumentais.

    Separa-se legalmente de Helena e assume o relacionamento com Edelzuíta Rabelo.

  • 1989

    Grava os 4 últimos discos de sua carreira.

    Em 6 de junho, sobe pela última vez num palco, no Teatro Guararapes, no Centro de Convenções no Recife, ao lado de Dominguinhos, Gonzaguinha, Alceu Valença e vários outros amigos e parceiros

    Em 2 de agosto, morre no Hospital Santa Joana, no Recife. É velado na Assembléia Legislativa do Estado. O Governo de Pernambuco decreta luto oficial por três dias.

    Em 13 de dezembro, é inaugurado em Exu o Museu do Gonzagão por Domiguinhos e Gonzaguinha.