Luiz LUA Gonzaga

Causos dos Reis

Quando Eu Vi a Lua…

Início de Carreira

Cinco Versos

Aquela Sanfona Branca…

Pêdo Mêa Garrafa

Pilhas Eveready

Pela Varig

A Morte da Galinha

Mas… o Gonzaga não morreu!…

Show de Gonzaguinha

Quebrou a Coleção

Circo do Interior!

Show… De Graça!

A Oitava

1977, Na Estrada

Sertão das Muié Séria e dos Home Trabaiadô

Show wm Missão Velha-CE.

Luiz Gonzaga com Pressão Alta

Exposição do Crato – CE.

 

 

Quando eu  vi a Lua pela primeira vez!

Exu, idos de 1989. Dia tranqüilo, expediente normal no banco e a cidade como sempre: Muito agradável.

 

Como de costume, sempre ao sair do trabalho aí por volta das 17:40 h, quando não tinha um bate-bola na quadra, reuniões da maçonaria às terças, sempre me dirigia ao Posto Gonzagão ou ao Parque Aza Branca (com Z mesmo). Principalmente, quando o velho Gonzagão estava na cidade. Era momento de papear e aprender muito.

Naquele dia não foi diferente. “Boquinha da noite”, estacionei a Furglaine ao lado da Churrascaria do posto e ali estava ele. Sentado, sereno, alegria no rosto, mesmo com a bengala que servia de apoio ao corpo que insistia em reclamar para uma mente teimosa em sua constante vontade de viver.

– Oiiiiiii…  saudou-me com aquele vozeirão inconfundível. f

– Tudo bom meu irmão? Correspondi.

Sentei-me ao seu lado, apenas por alguns instantes, pois logo ele falou:

– Vamos ali? Perguntou.

– Aonde? Indaquei.

– Não se preocupe. Você vai ver. Afirmou com  muita segurança.

Entramos na Furglaine, e ele me indicou  que tomasse o caminho para o Crato.

Cruzamos a cidade e iniciamos uma viagem que eu não sabia para onde.
Começamos a subir a Serra do Araripe. Pensamentos invadiram minha mente, quanto à segurança, perigos e outras coisas mais.  Divagações de quem não conhecia a vida e por ter poucos meses de convivência em Exu, só pensava na propalada violência. Ledo engano.

Continuamos a subir a serra. Em dado momento, veio a determinação.

– Meu irmão. Na próxima oportunidade dê a volta e coloque o carro com a frente para o Exu. Disse-me.

Outro perigo. Imaginei. Fazer o retorno em plena Serra do Araripe à noite. Nem pensar.

Andei mais alguns quiilômetros enquanto buscava um lugar seguro para efetuar a manobra.

– Vamos rápido meu irmão, senão você vai perder. Afirmou.

– Perder o que? Imaginei.

Feito o retorno, orientou-me a estacionar em um trecho, de frente para o Exu, em um local que nunca tinha percebido em minhas viagens para o Crato ou Juazeiro e que cabia exatamente o carro sem causar qualquer obstrução na rodovia.

Estacionei, desliguei o motor e sem entender nada fiquei esperando.

Era aquele misto de confiança, angústia, medo e expectativa.

Não demorou muito. Parecia que estava combinado.

Após exatos cinco minutos…

Deslumbre total. Surge uma bola no horizonte. Uma grande bola amarelada com uma força de energia positiva inimaginável… era a Lua Cheia!

E à medida que ela ia ganhando altura a visão ficava cada vez mais magnífica!

Estávamos num plano onde víamos a cidade de Exu abaixo. Entre nós e a cidade estava a Lua. Indescritível! Sentia-me acima dela!

Uma visão completamente nova! Nunca havia percebido nada igual.

Refeito da onda de sentimentos positivos, da admiração pela harmonia da natureza e de ter solidificado, cada vez mais, minha crença no Ser Superior que rege todas as coisas, retornei a Exu, agradecendo na expressão do meu mais profundo silêncio, a oportunidade que tive, aos trinta anos, de ver a Lua pela primeira vez.

A partir daí, sempre que possível, cá estou eu contemplando as  noites de Lua Cheia.

Com o velho Lua, aprendi a ver uma nova Lua!

Gonzagão! Seja muito bem-vindo ao presente e à imortalidade de sua arte, nas páginas e nos links deste site  luizluagonzaga.com.br.  Para sempre!

Paulo Marconi
Cidadão exuense

Início de Carreira

Então, lá vai a primeira:

“Anselmo de Lica” era um amigo de Gonzaga, dos tempos de menino.
Ele também tocava sanfona e ia a todos os bailes e forrós com o Lua.
Quando Gonzaga arrumava um “xodó” no baile, botava o Anselmo pra tocar no lugar dele e ia dançar ou… fazer outras coisas, que ninguém é de ferro.
E a proposta era, no final do baile, dividir o “cachê” entre os dois, metade para cada um.
Só que, na hora de dividir, Lua era sabido e Anselmo, coitado, meio bobo.
Então, Lua dividia:

“Acá… são quarenta mirréis! Prestenção. Vamo reparti no meio:

Um pá eu, um pá tu, um pá eu.
Um pá eu, um pá tu, um pá eu…
Um pá eu, um pá tu, um pá eu…

E, assim, com esse estratagema, Lua ficaca com dois terços da grana e Anselmo com um terço! Sabido, né?

Pêdo Mêa Garrafa”

E qué ôta???

Então lá vai!

Luiz tinha outro amigo, de nome “Pêdo Mêa Garrafa”.
(Ele é citado na estória Karolina com K”, gravada por Lua. É aquele que dança com Karolina, enquanto Lua toca).

Pois bom.

Cês sabem qual a origem do apelido do “Pêdo Mêa Garafa”?
Não? Então, prestenção:

Pedro, (até intão só Pedro), bebia muito. E Luiz, que gostava muito dele, lamentava o fato. – Luiz não bebia!

Uma madrugada, Luiz encontrou com Pedro bêbado, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, e ainda… com uma garrafa de pinga no bolso.  Luiz brigou, deu conselho, fez o diabo. E pediu a Pedro para parar de beber. Pedro concordou. “Se o cumpadi tá pedino… páro na hora. Pronto, parei. “Então, cumpade, faz o seguinte: para celebrar este momento, DERRAME AQUI NA CALÇADA essa garafa de pinga! – disse Luiz.

E Pedro: “Bão… o cumpadi mi disculpe, mas isso eu não posso fazer, não.

E Lua: “Mas, por que não pode?”

E Pedro: “Porque sô mêa garrafa é minha. A ôta metade é do Anselmo de Lica!”

E Gonzaga: “Ôxente!… então joga fora a SUA METADE, home!”

E Pedro: “Também não posso, cumpade!

Gonzaga “Não pode… por que?”

E Pedro: “Porque a MINHA metade é a que está POR BAIXO!!!”

Dizem que “Pêdo Mêa Garrafa” nunca parou de beber. Mas também nunca mais se livrou do apelido que Gonzaga lhe deu, naquela mesma hora:

“Então vai com Deus, compadre “Pêdo Mêa Garrafa!!!”

Contribuição: Compadre Luiz Lemos

Cinco Versos Para Gonzagão

Pelo Luar do Sertão
Bonito, que faz chorar.
Pela força de um cantar
Que embala o coração,
Pela voz, pela emoção,
Pelo chão, seco e rachado,
De um Nordeste flagelado,
Pela luta, pela lida,
Cantada em Triste Partida,
Luiz Gonzaga, obrigado!

Pela Sala de Rebôco,
A casinha de sapé,
Por Padin Ciço, sua fé,
Esperança, no sufôco,
Todo obrigado é pôco,
Nâo há poesia que paga
A beleza dessa saga
Iluminando o Sertão
Na fé de Frei Damião,
Obrigado, Luiz Gonzaga!

Pela estória do jumento
Por Karolina com K,
Pela beleza que há
Em “Dezesete e seticento”
Neste meu depoimento
Que faço, todo feliz
Meu verso, alegre só diz
Sabendo ser verdadeiro
A esse grande brasileiro:
Obrigado, Seu Luiz!!!

Por seu filho Gonzaguinha
Que contigo foi morar,
Mas soube valorizar
Com amor, o pai que tinha,
Cantando como convinha
Herdando tua emoção,
Que gravou com o coração
A vida do Viajante,
Eu repito, a todo instante:
Obrigado, Gonzagão!

Por sua sanfona branca
A alegrar brasileiros
Pelos temas tão faceiros
Que cantou, sem botar banca,
A saudade nunca estanca
E eu digo, emocionado
A este Rei coroado:
Seu povo ainda lhe quer,
Deus lhe guarde, onde estiver,
Luiz Gonzaga, obrigado!

E, num momento de gratidão, não resisti e deixei brotar, do fundo da alma, estes cinco versos, agradecendo a Seu Luiz pela felicidade de ser seu conterrâneo!

Seu Luiz, Deus te abençoe e te acolha, para sempre!…

  (Luiz Carlos Lemos)

Aquela Sanfona Branca…

Lá vou eu, com mais uma…

Contam que, um dia, Luiz Gozaga chegou, de avião, ao Rio de Janeiro.
Numa mão, uma sacola com roupas e na outra, a inseparável sanfona. Ele não andava sem ela!
No hall do aeroporto, algumas pessoas o cercaram, pedindo autógrafos. Ele já era famoso, naquele época.
Depois de atender todo mundo, como sempre fazia, notou que um adolescente alto e magro, cabelos compridos, ficara timidamente a uma certa distância, olhando insistentemente para ele. Lua se aproximou e perguntou, com seu jeitão espontâneo:

– Ôxente! E ocê, mô fi? O que que tu qué?

– Seu Luiz… – disse o jovem – eu queria… carregar sua sanfona, até o carro. Posso?

– E tu vai me cobrar quanto? – perguntou Luiz, estranhando o pedido do rapaz.

– Nada, Seu Luiz. Só pelo prazer de carregar ela mesmo. O senhor deixa?

– Ôxente… a gente vê cada uma!… Então tá. Qué carregá… carrega! Mais ói, faz besteira não, que eu tô de olho em tu, viste?

E o jovem, alegremente levou a famosa Sanfona Branca de Luiz do hall do aeroporto até o táxi, que o esperava.

– Obrigado, mô fi. Essa danada dessa sanfona é bem pesada mêrmo, né não?

– De nada, Seu Luiz. Foi uma honra!

– Iscuta… como é o seu nome? Perguntou Luiz, curioso.

– Benito! – disse o rapaz.

– Benito de que? Tu nun tem sobrenome não, peste?

– Benito de Paula, Sêo Luiz. Benito de Paula!…

Anos depois, “estourava” no Brasil inteiro uma canção do Benito de Paula, provavelmente inspirada naquele dia tão feliz, da sua adolescência. E Benito encantou nosso povo, cantando:

” Aquela sanfona branca,
aquele chapéu de couro,
é quem meu povo proclama,
Luiz Gonzaga é de Ouro “.

Contribuição: Compadre Lemos

Pêdo Mêa Garrafa

E qué ôta???

Então lá vai!

Luiz tinha outro amigo, de nome “Pêdo Mêa Garrafa”.
(Ele é citado na estória Karolina com K”, gravada por Lua. É aquele que dança com Karolina, enquanto Lua toca).

Pois bom.

Cês sabem qual a origem do apelido do “Pêdo Mêa Garafa”?
Não? Então, prestenção:

Pedro, (até intão só Pedro), bebia muito. E Luiz, que gostava muito dele, lamentava o fato. – Luiz não bebia!
Uma madrugada, Luiz encontrou com Pedro bêbado, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, e ainda… com uma garrafa de pinga no bolso.
Luiz brigou, deu conselho, fez o diabo. E pediu a Pedro para parar de beber.
Pedro concordou. “Se o cumpadi tá pedino… páro na hora. Pronto, parei.”
Então, cumpade, faz o seguinte: para celebrar este momento, DERRAME AQUI NA CALÇADA essa garafa de pinga! – disse Luiz.
E Pedro: “Bão… o cumpadi mi disculpe, mas isso eu não posso fazer, não.

E Lua: “Mas, por que não pode?”

E Pedro: “Porque sô mêa garrafa é minha. A ôta metade é do Anselmo de Lica!”

E Gonzaga: “Ôxente!… então joga fora a SUA METADE, home!”

E Pedro: “Também não posso, cumpade!

Gonzaga “Não pode… por que?”

E Pedro: “Porque a MINHA metade é a que está POR BAIXO!!!”

Dizem que “Pêdo Mêa Garrafa” nunca parou de beber. Mas também nunca mais se livrou do apelido que Gonzaga lhe deu, naquela mesma hora:

“Então vai com Deus, compadre “Pêdo Mêa Garrafa!!!”

Contribuição: Compadre Luiz Lemos
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PILHAS EVEREADY

Nos anos 60, Luiz Gonzaga andou pelo Nordeste inteiro divulgado as Pilhas Eveready.
Por onde a caravana passava, distribuía prêmios nas cidades; e as capitais eram alvo principal da divulgação.
Natalense de nascimento e desde pequeno ouvindo minha mãe cantar as músicas do Rei do Baião, fui ao lançamento da Eveready na minha cidade.

Foi ai que tudo aconteceu:

Tive a honra e o privilégio de ganhar um belo cascudo de Gonzagão nos anos 60, em Natal, Rio Grande do Norte, justo no lançamento das Pilhas Eveready, na praça Gentil Ferreira, no Alecrim.
Do alto do caminhão transformado em palanque, Gonzagão chamou uma pessoa para cantar a música das Pilhas Eveready. Eu fui o primeiro a subir no caminhão. Garoto, 13 a 14 anos, nunca tinha cantado nada e nesse dia inventei de cantar acompanhando o saudoso Luiz Gonzaga. Nem precisa dizer que passei longe do tom de sua sanfona. A vaia comeu de esmola e fui agraciado com um cascudo e a frase:

“Você sabe cantar nada, seu coisa!”.

Não deu para esquecer!

Ainda hoje eu lembro a letra da musica:

“Pilhas Eveready
Pilhas Eveready
Pilha Eveready
Minha luz, minha alegria!
Com minha lâmpada,
Com minha lâmpada,
Eu vejo a estampa
Da estrela de Maria!”

Contribuição: Roberto Bulhões
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Pela Varig

Essa, eu estava na hora em que Luiz Gonzaga chegou ao gabinete do prefeito de Juazeiro do Norte – CE, Manoel Salviano, em 1985.

Dispensando qualquer cerimônia e simples como ele só, entrou acompanhado por alguns funcionários que o admiravam e foi dizendo:

“Prefeito, estou chegando do Rio de Janeiro pela Varig e antes de seguir pro meu Exu, vim lhe fazer um pedido muito importante”.

O prefeito já estava de pé e foi logo abraçando Gonzaga e respondeu imediatamente:

“Pode pedir seu Luiz. Um pedido seu aqui na terra do Padre Cícero é uma ordem!”.

Gonzagão foi enfático e praticamente deu um ultimato ao prefeito:

“Em nome do povo de Juazeiro e do meu Padim Pade Ciço Romão Batista, faça uma correspondência à Direção da Varig e peça que a Companhia determine aos seus pilotos, que quando vierem para pouso em Juazeiro do Norte, procedam da mesma forma como procedem no Rio de Janeiro!

Lá, Salviano, eles, os pilotos, fazem questão de anunciar que, do lado tal da aeronave, está o monumento do Cristo Redentor.

Por que não fazer o mesmo procedimento em Juazeiro, dizendo que ao lado esquerdo da aeronave está o monumento ao padre Cícero?…”

Não deu outra:

A solicitação foi feita no mesmo dia, à Varig, através do seu presidente Hélio Smith, que determinou o procedimento.

E, a partir desse dia, em todas as aeronaves, no momento do pouso, os pilotos falavam o jeito que Gonzagão pediu.

“Senhores Passageiros, estamos procedendo a um pouso normal, de escala, na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará. Do lado esquerdo da Aeronave os senhores podem observar a magnífica estátua do Padre Cícero Romão Batista, Padroeiro da cidade e de todo o Nordeste!
Sejam bem-vindos e… Viva o Padre Cícero!”

Oxente! Rei é Rei!…

Contribuição: Roberto Bulhões

A Morte da Galinha

Quando eu fazia faculdade de Engenharia Civil, conheci um cidadão do Crato – Ceará ( não lembro o nome dele agora, mas o apelidávamos de “Ceará”).

Ele me contou que um tio dele comprou uma fazenda que era de Luiz Gonzaga, e Gonzagão vendeu com tudo que tinha dentro: algumas cabeças de gado, algumas aves, etc.

No meio dessas aves, havia uma galinha, pela qual, segundo o “Ceará”, Gonzaga tinha grande estima!

O interessante é o seguinte: no dia 02 de agosto, de 1989 (data da morte de Luiz Gonzaga) essa galinha amanheceu morta, sem vestígio algum da “causa-mortis”.

“Tadinha”, – dizia sempre o bom “Ceará” -, “a bichinha morreu foi de tristeza mesmo, sêo moço!
E essa vida, sem Gonzagão, por acaso, vale a pena?…”

Pior é que a galinha tava certa!

Contribuição: João Neto – Recife – PE

 

Mas… o Gonzaga Não Morreu!…

Eu nunca mais ouvi uma música de Zé Gonzaga, irmão de Gonzagão, que falava sobre o boato que correu o Brasil inteiro de que Gonzaga tinha morrido de acidente de carro.

Não me lembro bem da letra completa, mas era mais ou menos assim:

“Luiz Gonzaga não morreu
Nem a sanfona dele desapareceu
Seu astromóvi na virada se quebrou
Seu zabumba se amassou
Mas o Gonzaga não morreu.

E o Zequinha,
O famoso rei do passo,
quase que vira bagaço
com uma pancada no focinho
Coitadinho!…

Luiz, escuta esse baião!
Quem tá falando
Na sanfona é teu irmão
Tá esperando,
Todo o povo brasileiro,
O seu grande sanfoneiro
Com as cantigas do sertão!…

Contribuição: Dona Dora Limeira

 

Show de Gonzaguinha

Noite de sexta-feira, 19 de abril de 1.991.

Eu morava em Governador Valadares – MG, onde trabalhava no Banco do Brasil.
No Teatro Atiaia, único da cidade, o programa era o show “Cavaleiro Solitário” com o cantor e compositor Gonzaguinha, filho de Mestre Luiz Gonzaga, como todos sabem.

O Show foi simplesmente lindo! Só ele e um violão. Sentado no chão do palco, tomando água mineral, ele cantou e contou estórias incríveis durante duas horas, na maior intimidade com a platéia.

Contou e cantou, inclusive, a estória (verídica) do Profeta Gentileza, o louco mais gentil e mais conhecido do Rio de Janeiro, a quem dedicava o show.

Pois bom…

Terminado o show, fiquei por último e fui ao camarim. Gonzaguinha me recebeu gentilmente, bem no espírito do espetáculo que acabara de apresentar.
Em nossa longa conversa, ele me disse duas coisas importantíssimas:

1 – Que ele sentia que estava precisando muito, mas muito mesmo, de saúde, para continuar seu trabalho, pelas estradas do Brasil.

2 – Que ele, ultimamente, estava sentindo muitas saudades do pai, falecido em agosto de 1.989, há quase dois anos.
Era uma saudade que incomodava.
Ele não conseguia parar de pensar no pai.

Pois bom…

Ao fim da conversa eu… pedí um autógrafo, que ninguém é de ferro.
E ele, no verso do programa do show, escreveu: “Ao amigo Lemos, SAÚDE!…”
Datou, assinou e me entregou, dizendo: Xará, estou te desejando saúde, porque saúde é o que eu mais preciso, neste momento.
E tudo o que a gente deseja para o outro… volta pra gente! Vai com Deus!”
Saí feliz do teatro, grato por um momento tão significativo.

Pois bom…

Exatamente dez dias depois, numa fria segunda-feira, 29 de abril de 1.991, Gonzaguinha, o filho de Sêo Luiz, faleceu, num acidente de automóvel, perto da cidade de Pato Branco, no Paraná…

Contribuição: Compadre Luiz Lemos
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Quebrou a Coleção.

Este caso foi contado por Flávio José, ótimo sanfoneiro, cantor e compositor, de uma cidade chamada Monteiro, localizada no Sertão Paraibano.

O Flávio estava realizando um show em Senhor do Bonfim, cidade do Sertão Baiano, e passou a relatar o seguinte:

Estava em Recife na casa de um primo, que, por sua vez, era fã incondicional de Luis Gonzaga, a ponto de ter a coleção completa dos discos do Gonzagão.

E o velho Lua iria fazer um show em uma churrascaria da cidade, então foram assistir ao show, Flávio José e os primos.

Chegando lá, Gonzaga estava cantando, aí o fã de Gonzaga chamou o garçom deu uma gorjeta e pediu ao garçom que levasse um bilhete ao velho Lua, solicitando que o mesmo cantasse a música Cacimba Nova, que fazia lembrar a região que eles moravam.

O garçom, por sua vez, entregou o bilhete a Luis Gonzaga, disse que ele teria vindo ali para cantar o que ele queria e o que ele gostava, e que não veio para atender pedido de ninguém não.

Foi a maior gargalhada!

O pessoal falando para o primo: Você viu? Tá pensando que Luiz Gonzaga atende pedido de qualquer um? E coisas desse tipo.

Indignado por não ter seu pedido atendido, rapaz chegou em casa e quebrou a coleção toda que ele tinha do velho Lua!!!

Contribuição: Roberto Amaral
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Circo do Interior!

Quando retornava de um show em uma cidade do interior da Paraíba, Luiz avistou, do carro um circo desses bem humildes, que transita de um lugar para o outro, um circo mambembe!

Ele então pediu para o motorista levá-lo mais próximo. Ficou observando do carro a vida daquelas pessoas humildes que por intermédio do circo, faziam as pessoas sorrirem em troca da própria sobrevivência.

Um senhor do circo o viu, veio até o carro e disse:

o Sr. Não é Luiz Gonzaga?

Ele disse: Sim, sou eu mesmo!,

E o que o senhor faz por aqui? Perguntou o dono do circo, espantado!

Luiz falou: Vim pedir pra você anunciar que, hoje à noite, Luiz Gonzaga, vai tocar neste circo!.

O homem, meio que sem jeito, falou:

Sr. Luiz, a gente não tem condições de pagar um artista que nem o senhor!

E Luiz respondeu: Anuncie assim mesmo, homi, que Luiz Gonzaga vai tocar aqui esta noite! E tocou o carro pra pista…

À noite, o circo, simples e tão desestruturado que nem cobertura tinha, estava lotado, só com a noticia de que Luiz iria ali estar.

Ele procedeu como combinado e na hora acertada, apareceu, tocou por quase 1 hora!

No final, o dono do circo chegou para Luiz e falou, com toda honestidade de um sertanejo simples:

Seu Luiz, divida o apurado como o Sr. achar justo!

Luiz olhou para o bolão de dinheiro que ele segurava e falou:

Este dinheiro é teu, home! Agora, cria vergonha e compra uma lona nova por circo! Se eu passar por aqui de novo, não vou querer cantar ao relento! Esse dinheiro é pra vc melhorar seu circo e também a tua vida!

Apertou a mão do novo amigo… e partiu!

Esse era o velho Lua!!!

Contribuilçao: Roberto Amaral

 

Show… De Graça!

Esta, quem me contou foi o meu Compadre Jesuíno Barbeiro, lá de Vitória da Conquista – BA.

Diz ele que é verdade:

Em junho de 1.972 Luiz Gonzaga foi contratado ( verbalmente! ) por um tal Duda Mathias, dono de um grande forró, para animar, com sua sanfona e seu talento, uma festa junina, naquela cidade.

Festa grande, quadrilha, bares, barracas de comida e bebida, um som “estrondoso” para a época, um palco imenso! E a atração principal, claro, Luiz Gonzaga!

Pois bom…

Terminado o Show, sucesso total, o povo ao delírio… Gonzaga ficou esperando o promotor da festa, para receber o cachê, verbalmente combinado.

E não é que o homem sumiu com o dinheiro? Cadê o Seu Duda? Sei não… sumiu de novo!!!

Comentaram que ele tinha esse estranho costume.

Lua esperou, esperou, e… nada!

Lá pelas tantas, muita gente ainda na festa, o forró comendo solto, com a banda do meu Compadre Arnaldo Peron.

E Gonzaga, cansado de esperar, tomou uma súbita decisão:

– Quer saber? Vou resolver isso é agora! Do meu jeito!

Voltou ao palco, pegou o microfone, parou a banda e disse:

– Gente, eu fiz um cumbinado cum Seu Duda Mathias, o dono da festa. Não vou cobrar nada dele! Cantei de graça, pra vocês. E ele, pra compensar, disse que, de agora em diante, TUDO AQUI É DE GRAÇA!!! Nos bares, nas barracas, tudo. É de vocês. Pode invadi, môs fi!!! É DI GRÁTIS!!!

E viva São João!!!

Disse isso, desceu do palco, entrou no carro e foi embora, tranquilo e satisfeito!…

Foi uma confusão dos diabos. O povo invadiu e não sobrou nada!

Diz o meu Compadre Jesuíno Barbeiro que o tal “dono da festa” até hoje está trabalhando para pagar o prejuízo!!!

Eitha Gonzaga!!! Ô véi macho!!!

Se eu tenho provas? Sei não… Só sei que foi assim!!!

Contribuição: Compadre Luiz Lemos

 

A Oitava

Corria o ano de 1978,interior do Ceará, cidadizinha pequena,toda a população reunida, aos domingos, para a feira já tradicional…

Pois bem,a história que vou relatar aconteceu com um senhor,chamado Seu Doca, que morava no sertão mesmo,um distrito da cidade que ficava ha uns 15km da sede, e que todo domingo vinha à feira, no seu jumento.

Ao chegar, sempre seu Doca fazia as compras da semana, depois ia ao bar, tomar sua pinguinha e, depois, voltava pra casa.

Só que ele tinha comprado uma radiola (para tocar vinil), então, foi a um vendedor de uma banca de vinil e K7 e, ao chegar, apeou do seu jumentinho e foi logo falando:

-Bom dia seu morço! Eu tô percurano de um Longuiprêi qui tem a musga da “oitava”. Será que o cumpade num tinha ai?

-Tenho sim, mas todos esses discos aqui meu senhor tem a oitava música, disse o vendedor, mostrando dezenas de discos de vinil.

-Mas eu quero é o da musga qui chama Oitava, tem? Perguntou seu Doca.

-Então vamos testar alguns pra ve se a gente encontra,ta certo?

E foram testando os LPs. Já tinha ouvido a oitava música de quase trinta discos… e nada de encontrar a música de seu Doca.

Foi quando o vendedor falou:

-Será que o senhor nao poderia cantar um pouco dessa música pra gente ouvir?… Aí, ficaria mas fácil da gente encontrar.
-Só qui eu num lembru agora, cumpade! Minha memória tá meia fraca, eu so sei que é a da “Oitava”, disse seu Doca.

Testaram mas uns vinte, ja se tinham passado mas de duas horas e nada de encontrar a música, quando o vendedor lembrou de uma música e disse:
-Ja sei,deve ser a Oitava Sinfonia de Beethoven, seré que é essa seu Doca? É essa né? Até que enfim!!

-Nunca ovi fala nesse bitôvi, mas só sei que é a “Oitava”.

O vendedor colocou a Oitava Sinfonia de Beethoven, e, para sua tristeza, não era a musica desejada.

Depois de quase três horas, o vendedor desistiu e disse a Seu Doca que não tinha a música, e a menos que ele cantasse uma parte dela, seria muito difícil de encontrá-la.

Seu Doca disse:

-Pois bem seu môço, eu vô mimbora,ja que voismicê num teim a “Oitava”.

Seu Doca montou em seu jumento, deu a volta, quando, de repente, lhe veio à lembrança a tal música! Desmontou rápido e disse ao vendedor com entusiasmo:

-Lembrei!! Lembrei!! Lembrei, Seu Môço. Mi lembrei da “Oitava”.

-Que maravilha seu Doca, agora cante um pedacinho, que, com certeza, eu terei o seu LP.

E Seu Doca, para o espanto e alegria de todos, disse, todo contente:

-A musga e assim, homi:

“OITAVA NA PENÊRA ,
OITAVA PENERANO,
OITAVA NUM NAMÔRO,
OITAVA NAMORANO…”

Seu Doca era um grande fã de LUIZ GONZAGA, mas no seu linguajar do sertao, não sabia a letra correta da música, trocando a parte de: EU TAVA por OITAVA.

Essa estória é contada aqui por meus parentes mas antigos, passou-se na cidade de PENTECOSTE-CE.

Se é verdade não posso provar, mas só sei que foi assim!!

A Música é FARINHADA, foi gravada por Gonzaga, em 1982, no LP “Eterno Cantador”

Mas, no interior, pela simplicidade do nosso matuto, ela ainda é conhecida até hoje como OITAVA, por causa do refrão!

E viva o Povo Brasileiro!!!

Contribuição: Régis

 

1977, Na Estrada

EM 1977, Luiz Gonzaga estava divulgando seu excelente LP “CAPIM NOVO” por todo o Nordeste, sem apoio de gravadora nem nada.

Passou num lugarejo, no interior de Canindé-CE, chamado VILA CAMPOS, no entroncamento que vai para Quixadá.

Sem chapéu, sem gibão, não foi reconhecido de imediato… Até que um curioso, meio tímido, aproximou-se e perguntou:

– O Senhor é Luiz Gonzaga???

– Seu criado…

Era um botequim desses de beira de estrada, que vende bolo, café e paçoca… Luiz passou a tarde todinha conversando com os matutos e ainda deu uns LP’s para alguns fãs. Ô Cabra arretado, o Seu Luiz!!!

Contribuição Arievaldo Viana Lima

 

Sertão das Muié Séria e dos Home Trabaiadô

O grande Luiz Gonzaga fez alguns Shows na cidade de Pombal (PB), sempre em praça pública, sobre o patrocínio de uma importante empresa de comercialização de fumo, lá de Arapiraca (AL).

Pude presenciar alguns desses shows e viver as emoções do talento desse grande monstro de nossa cultura. Além de cantar, ele contava piadas, fazia críticas aos governos pelo descaso com os nordestinos, contava causos e passagens de sua vida artística. Era um show interativo, onde conversava e ouvia as pessoas que o assistiam. Lembro que certa vez ele falou de sua emoção quando ouviu pela primeira vez uma musica em que o compositor Benito de Paula o homenageou. Neste mesmo show ele contou que logo que fez uma música para Frei Damião foi em Pombal que ele encontrou com o frade capuchinho para presenteá-lo com o disco, até então inédito.

Pouca gente sabe, mas um dos causos que o velho Lula vivenciou e imortalizou em dos seus discos ocorreu aqui em Pombal. João Queiroga, mais conhecido como Joquinha, pertencia a uma família muito influente na cidade, era característica sua a irreverência e a presença de espírito, sempre fazendo gozações onde quer que estivesse.

Na oportunidade, o velho Lula cantava um dos seus clássicos “A volta da asa branca”, quando chegou na parte que diz “Sertão das muié séria, dos home trabaiadô”, Joquinha Queiroga gritou:

– Faz muito tempo que o senhor não anda por aqui. Isso não existe mais por aqui não, seu Lula.

Luiz Gonzaga deu aquela sua peculiar gargalhada e depois adicionou esta história no seu repertório de causos, inclusive registrando o fato em um dos seus discos

Contribuição: Zé Tavares

 

Show em Missão Velha – CE

(Cigarro de Cem Contos!)

Foi quando eu era menino, nos idos da década de 1960.

Em minha terra natal, Missão Velha, o Luiz Gonzaga foi fazer um show e o local era o Cine São Luiz, de propriedade do Sr. Raimundo Freire, conhecido também, na região, como “Seu Mundico”.

Lá pelo meio do show o Sr. Raimundo pede para Luiz Gonzaga cantar a famosa “Asa Branca” e que, por isso, ele pagaria a Lua mais cem contos de reis.

Daí, Luiz Gonzaga disse:

Seu Mundico, uma nota de cem contos de reis em enrolo e faço um cigarro! Se preocupe não, Seu Mundico. Estou brincando com o senhor… Vou cantar “Asa Branca” agora, em sua homenagem, sem lhe cobrar mais nem um tostão por isso!

Bom não sei se isso é verdade, mas que o povo conta, conta.

Só sei que foi assim!!!

Contribuição: Cícero Quesado

 

Luiz Gonzaga com Pressão Alta

Outra boa do seu Luiz:

Ele estava viajando de carro para Exu – PE, na década de 80, passando por Juazeiro do Norte – CE.

E quando ia passando em frente ao Hospital Santo Inácio, parou para verificar como estava a pressão. Chegou na portaria e foi atendido por uma funcionária de nome Lúcia Santana, que prontamente o encaminhou ao Posto de Enfermagem, mais próximo, porem sem reconhecê-lo.

Dai ela comentou com a minha esposa Gilvanda, que trabalhava no Setor de Faturamento do hospital, que conhecia aquele senhor mas não sabia de onde.

Daí, minha esposa falou que ele era Luiz Gonzaga. Essa nossa amiga Lúcia Santana era meio desligada mesmo.

Bom, para terminar, o Lua Gonzaga desceu a rampa do hospital e, com a sua educação costumeira, passou na Portaria, agradeceu e desejou saúde e paz para todos.

Ô Cabra bom!!!

Contribuição: Cícero Quesado

 

Exposição do Crato – CE

Lua Gonzaga ia dar um show na exposição do Crato – CE.

Isso ocorreu na década de 60. Infelizmente, não sei precisar data.

O fato é que Gonzaga estava numa barbearia, fazendo a barba, quando teve inicio um tiroteio entre os falecidos Édson Olegário de Santana e o Zé da Sombra. Era tiro pra todo lado, o povo correndo, se escondendo, mulher desmaiando, menino chorando, velha rezando… E Luiz, tranqüilo, fazendo a barba.

Em dado momento, Gonzaga comentou:

– Menino… o São João aqui começa é cedo, né não? Óia só o fuguetório!!!

E o Barbeiro, O Mestre Afonsinho, esclareceu:

– Né fuguête não, Seu Luiz. É tiro mêrmo!… Quaje todo dia é isso…

Contam que Luiz Gonzaga, que tinha horror à violência, saiu correndo com a barba feita somente a metade!

Será verdade? Sei não… só sei que foi assim!

Pra terminar:

UM DIA DE CHURRASCO E FORRÓ

Acredito que isso ocorreu em 1982, na inauguração da Chácara Santa Brígida, residência de propriedade do Dr. Meton de Alencar, em Juazeiro do Norte – CE.

O Dr. Meton inaugurou a sua chácara em grande estilo! Convidou Luiz Gonzaga, Joquinha Gonzaga, Joãozinho do Exu e vários safoneiros da região, para um chamado “Forró – Churrasco”, durante todo dia.
Era um sábado e a entrada dava o direito de assistir o show, que teve inicio as 09:00 horas da manhã e encerrando as 17:00 horas, além de beber cerveja e comer churrasco à vontade.

Foi muito bom. Tive o prazer a estar presente a este evento, juntamente com a minha esposa Gilvanda e amigos.

Nada ocorreu fora do previsto, nesse dia. Tudo deu absolutamente certo e a inauguração foi um verdadeiro sucesso! E nós ( minha esposa e eu), guardamos mais uma terna lembrança do nosso inesquecível Rei do Baião!

Contribuição: Cícero Quesado