( Nelson Valença)
Coroné Pedro do Norte
É homem forte
Coroné do bigodão
Amigo do amigo
Inimigo do inimigo
Dizendo sim é sim
Dizendo não é não
Coroné tava danado
Aperreando com a nova geração
Dizia ele,
Meto bala, mato tudo
Num deixo um cabeludo
E acabou-se a questão
Mandou buscar
Um delegado
Pra perseguir cabeludos transviados
Eu vou limpar
Minha cidade
Depois dormir
Na maior tranqüilidade
A minha menina que estuda
Muito breve vai chegar
Não é pra ela
Nem de longe
Um cabeludo avistar
Coroné Pedro do Norte
Um homem forte
Estava ali com a multidão
Prefeito, delegado
A família de um lado
Um padre de batina
Beata e sacristão
Coroné impaciente
Viu finalmente
O trem chegar na estação
E a mocinha graciosa
Foi saltando
Desceu do trem puxando
Um cabeludo pela mão
SÃO JOÃO QUENTE; 1971; RCA