Luiz LUA Gonzaga

Eu e Minha Branca

(Gonzaguinha e Gonzagã)

 

Falado: – Seu Luiz! Deixe eu dar uma voltinha comessa sua branca maravilhosa!

            – Oxente! Isso é conversa! Ela é muito pesada pra você…

            – Deixa disso, home! Ela é jeitosa… leitosa…macia…gostosa…

            – Você num gosta de branca…

            – Como é que você sabe disso?

            – Eu sou seu pai… Você num tem ma preta?

            – E apôis…

            – A minha branca é uma mina e é do povo. A sua morena é de Minas é só sua!

            – Mas a morena de Minas num liga pra isso não!

            – Mas eu ligo!

            – Ah!

            -Você já quis dar uma voltinha na minha égua, agora quer se aproveitar da minha branca, te dana rapaz!..

 

Na minha branca

Eu só toco com carinho

Ela se abre toda

Mostra logo o caminho

Caminho da alegria

Caminho do prazer

A minha branca

Não quer ninguém sofrer } bis

Não quer ver ninguém sofrer,não

Não quer ver ninguém sofrer

 

A branca dele gosta da felicidade

E nesse gozo eu me sinto à vontade

Vontade da alegria, vontade do prazer

A branca dele

Não quer ver ninguém sofrer

 

A minha branca

Não quer ver ninguém sofrer

Não quer ver ninguém sofrer } bis

E vira do avesso

Arrevira o mocotó

Cuidado moço!

Que eu vou lhe dá um nó

Nó na broca

Que com essa você num bole

 

Na minha branca

Só eu mesmo abro o fole

Pois é no toque do amor

Que ela faz o seu forró } bis

Eu e minha branca

Não há forró melhor

 

Falado: Mas é claro que num há forró melhor! É por isso que eu quero dar uma voltinha com sua branca! Você pensa o que? Que eu sou bobo?

            – Mas logo agora?

            – Uai! Por que não?

            – É difícil!…

            – Ah! É?

            – É… tô lhe dizendo…

            – É pesada?

            – Pesada demais…

 

Na minha branca

Eu só toco com carinho…

 

Falado: Você sabe de uma coisa? Tá certo! Tá certo! Você fica com sua branca que é uma mina! E eu fico com a minha morena de Minas. Tá tudo tranqüilo! Tudo certinho!

            – Tá certo! Muito obrigado! Tá tudo em casa do mesmo jeito!

            – Ah! Ah! Pois é!

            – Ah! Tá tudo nosso!

            – E a gente tá por aí! Né? Já que a mina deixa a gente desfrutar as coisas todas boas!

            – Você é sabido demais!

            – E né não?

            – Tem que dar certo! Negócio de pai pra filho é assim mesmo!

. É bom! Bom pra dois! Bom pra muitos!         

SANFONEIRO MACHO; 1985; RCA-Camden