Luiz LUA Gonzaga

Sertão Sofredor

(Nelson Barbalho e Joaquim Augusto)

 

– Falando:

Ah, meu sertão véio sofredô! Terrazinha pesada da gota! Terra mole, vote…

Quando chove lá, chove prá derreter tudo. A terra vira lama, a cheia acaba com os pobres, açudão pro mundo…Aquilo num é nem chuva, é dilúvio! E quando não chove é mais pior meu chefe! É  o verão brabo! Torrando tudo, lascando, acabando com o que era verde! Home… Pulo verão no meu sertão, de verde só fica mermo pano de bilhar, óculo reiban e pena de papagaio! É um desadouro meu chefe!

Ah, Sertão Veio sofredor!

Inté Paulo Afonso, que era a redenção do Nordeste, virou coisa de luxo. Só está servindo móde iluminar as cidade grande.

Cadê as fábrica?

Cadê as industria?

Cadê as coisa boa anunciada pro Nordeste?

E se vier outra seca lascada?

Ah! Ah! È uma praga meu chefe…

Ah! Sertãzinho sofredor…

É por isso que eu canto:

Posso falar?    Pode…

 Cantando 

Quero falar

Do meu sertão

Meu sertãozinho

Desprezado como o que

Peço a atenção

De toda gente

Prá minha terra

Terra do meu bem querer

 

Matéria-prima

Tudo temos de primeira, sim

Valor humano

Gente honesta e ordeira também

O que nos falta então

É uma ajuda leal

Do grande chefe

Do governo Federal

Pois é…

78 RPM V802012a 1958